22/07/20

Owen Gray reafirma seu pioneirismo na criação do reggae

A primeira vez que escutei Bob Marley, o álbum Catch a Fire, que saiu no Brasil, e em alguns países, com um isqueiro na capa, em vez de Bob puxando o maior bob. Achei muito estranho, o ritmo. Como se a batida tivesse errada. Descompassada. Quem escutou a bossa nova de João Gilberto deve ter passado por sensação parecida. Mas, assim como a bossa nova, as melodias de Marley eram tão bem acabadas, contagiantes, que o reggae pegou rápido por aqui, e pelo mundo, e foi assimilado.

No final dos anos 70, lançou-se muito reggaeno Brasil, mas geralmente só medalhões, Peter Tosh, claro, Dennis Brown, Toots and the Maytals (Toots Hibbert, pra mim é o maior de todos os cantores de reggae. Aliás, foi numa música dele aparece pela primeira vez Do the Raggay). Mas do período anterior ao reggae, pouca coisa, quase nada.

Portanto Owen Gray é ignorado por aqui. Com 81 anos neste 2020, Gray (também grafado como Grey) não criou o ska ou o rocksteady, mas foi pioneiro em gravá-los. Seu álbum de estreia Owen Sings, de 1961, não tem calipso, mento, ou o rhythm and blues de New Orleans. Ele foi também pioneiro em gravar com Clement Dodd, do Sir Coxsone Downbeat System. Os astros iniciais pop da Jamaica foi ele e Millie Small, uma adolescente que estourou mundo afora com My Boy Lollipop (gravada por Wanderléa com o título de Meu Bem Lollipop, em 1964). Ambos foram contratados por Chris Blackwell, que começava a gravadora Island.

Owen Gray, e vários desbravadores dos novos ritmos jamaicanos, mudou-se para a Inglaterra, onde havia um público de jamaicanos com maior poder aquisitivo, e um mercado mais forte. Voltaram para a ilha quando o reggae tornava-se tendência, e chegava a superstars feito Eric Clapton, que em 1975, estourou com I Shot the Sheriff, de Bob Marley. Mas perderam o bonde da história. Owen Gray continuou lançando discos, mas não conseguiu o mais o sucesso do início dos anos 60. Gray lançou maio, mais um álbum marcando os 80 anos, Jamaica’s First Home Grown Star, reivindicando para si o pioneirismo na música que realçaria a importância da pequena Jamaica no mapa musical do planeta.

FONTE:OWEN GRAY

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